Medida acertada

Eu sou um daqueles torcedores integrantes da "ala radical", a qual acha que as coisas devem ser feitas sem receios, como foi agora o caso do boicote do clube na festa de premiação dos melhores do campeonato catarinense, na segunda-feira, promovida pela Federação Catarinense de Futebol e pela emissora gaudéria. O único representante do Figueirense presente no evento foi o goleiro e capitão do time, Wilson.

Ontem, o Figueirense, por intermédio de seu site oficial, divulgou uma nota explicando os motivos pelos quais nenhum representante do clube esteve na premiação. Apesar do que foi dito na nota, todavia, todos nós sabemos muito bem que de certa forma houve problemas com a FCF e, também, com a emissora detentora dos direitos de transmissão do campeonato, o que motivou a não ida de nenhum representante, principalmente dirigentes, na festividade. Nos anos anteriores, mesmo com as derrotas, o clube não deixou de comparecer aos eventos.

Com a FCF, pelo que se sabe foram dois problemas: O primeiro, ao que parece, foi em relação à escala de arbitragem, pois os dirigentes alvinegros queriam outro árbitro na final, uma vez que Paulo Henrique Bezerra já havia apitado dois jogos seguidos do leão banguela na competição; e o segundo provavelmente deve ter sido o esquema da montagem do palco e o desrespeito de alguns jogadores pernas de pau do time do mangue durante a entrega da taça de campeão.

No que diz respeito à emissora gaudéria, vendo de fora, acredito que o pessoal se sentiu incomodado com tamanho desprezo deles para com o clube (jogadores e, principalmente, torcedores) na semana que antecedeu a grande final realizada domingo passado, no Scarpelli. O treino de sábado, por exemplo, que levou mais de 5 mil torcedores ao Scarpelli, não teve sequer 10% do tratamento dado ao tal "treino dos mil", que os torcedores (sofredores) do time do mangue fizeram um dia antes da primeira partida da final, lá na Ressaqueda. 

Todo este imbróglio não vem de hoje. O descontentamento do clube para com eles (RBS) acontece há muito tempo, tanto é que algumas reuniões para tratar sobre o assunto foram feitas por representantes de ambos os lados. Provavelmente não cumpriram o que havia sido anteriormente acordado entre eles.

Sim, mas o que o clube deve fazer daqui para frente? Penso que agora eles têm que por em prática àquilo que já deveria ter sido feito tempos atrás, que é confrontar, sem receio algum, tudo o que for orquestrado contra a imagem, a história ou até mesmo o dia a dia do Figueirense, como aconteceu naquele caso em que um jornalista da emissora gaudéria difamou o hino do clube. Se fosse de outra emissora, certamente ele teria sido veementemente repudiado pelos dirigentes, os quais simplesmente fizeram de tudo para abafar o caso. À época os torcedores sentiram a falta de uma cobrança, atitude severa dos dirigentes, que, se fizeram; fizeram-na internamente, sem o conhecimento de ninguém.

Se a palavra ou o termo utilizado é boicote beleza, tem mais é que ser feito mesmo. A torcida está junto com o clube, podem ter certeza disso. O Figueirense não vai perder nada, quem vai perder, se for o caso, são eles. O rompimento do contrato com a empresa que prestava serviços de assessoria à imprensa e, consequentemente, a contratação do J.B. Telles para coordenar essa área - independentemente dos métodos de trabalho utilizados por ele -, nada mais é do que a prova que o primeiro passo para o embate foi feito.

Lembro que com o J.B. Telles no comando da assessoria de imprensa do clube ninguém se criava, principalmente os comentaristas metidos a donos da razão. A resposta de qualquer coisa que desagradasse o clube era dada imediatamente, não havia um hiato entre o que era dito e o que estava realmente sendo feito.

Por fim, espero que o clube mantenha à compostura e tome uma atitude séria contra FCF e emissora gaudéria. Que o pessoal não fique "putinho" por uma semana e que o relacionamento não volte ao normal daqui a uma semana, duas semanas, um mês etc. A imprensa, como um todo, faz gato e sapato dos clubes, portanto, está mais do que na hora dos clubes, no caso o Figueirense, fazer o mesmo com eles.