segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Branco x Jorginho


A princípio não tinha gostado da contratação do Branco. Para quem chegou a almejar e tentar um técnico do nível de Adílson Batista, não há como negar que houve sim um pouco de frustração entre os torcedores alvinegros quando o nome dele foi confirmado pelos dirigentes do clube. Todavia, desde sua apresentação, ou melhor, desde que falou pela primeira vez como treinador do Figueirense, confesso que minha visão sobre ele vem mudando dia após dia, e explico o porquê. Só que antes do Branco, tenho que falar sobre Little George.

O que me deixava puto com o Jorginho não era o que ele fazia com o time. Suas escalações confusas, opções táticas controvertidas e escolhas totalmente sem sentido ficavam em segundo plano quando eu dissertava a respeito dele. O problema era quando ele ia aos microfones e abria a boca para falar do time usando argumentos extremamente toscos, os quais deixavam os torcedores alvinegros indignados, desde sua chegada até o último dia no clube. No início então, meu Deus, era uma declaração mais esdrúxula do que a outra. Tivemos que ouvir cada coisa que certamente é melhor nem lembrar.

Uma das maiores injustiças que a imprensa azul e branca de nossa cidade cometeu com o torcedor alvinegro aconteceu no dia posterior ao jogo contra o Internacional, em casa, quando o Jorginho foi vaiado por uma significativa parcela de torcedores presentes no estádio logo após o término da partida. A imprensa aproveitou a oportunidade para cair de pau nos torcedores, sendo que alguns, inclusive, chegaram a dizer que as vaias tinham sido orquestradas. Disseram que foram orquestradas, mas em contrapartida omitiram a verdade sobre elas. 

A imprensa "apenas" esqueceu de dizer é que um dia antes do jogo contra o Internacional, o então treinador do Figueirense concedeu uma entrevista coletiva no CT do Cambirela que deixou os torcedores alvinegros perplexos, tamanha a quantidade de besteiras que ele havia dito, o que chegou a ser considerado uma espécie de desabafo - com certeza o grande fator motivacional das vaias. (Veja toda a entrevista aqui

O resultado do jogo não significou nada. Claro, é evidente que se o time tivesse ganho dos gaúchos ninguém seria capaz de vaiar o Jorginho. Só que foi uma vaia pontual, aconteceu somente neste jogo. Em nenhum jogo Jorginho tinha sido vaiado como foi. As vaias que aconteceram anteriormente foram normais, como as de qualquer torcedor que não tenha ficado satisfeito com o resultado de sua equipe. Contudo, desta vez as vaias foram diferentes. Fique bem claro que elas não aconteceram pelo empate, e sim pelo que o treinador tinha dito um dia antes. 

Os "profissionais" da emissora gaudéria, por exemplo, resolveram omitir o significado das vaias ao Jorginho, pois nesta mesma entrevista coletiva o treinador criticou abertamente apenas um comentarista, no caso, o Sr. Spock. Não citou mais ninguém; somente ele. Desta forma, quem acabou levando a culpa foram os torcedores alvinegros, já que se eles tivessem remetido o verdadeiro motivo das vaias às declarações do treinador na coletiva do dia anterior, de uma certa forma teriam que citar obrigatoriamente o que Jorginho havia declarado sobre o principal comentarista esportivo da emissora.

Aí, como não poderia deixar de ser, os torcedores alvinegros que acompanham os noticiários do Figueirense somente via emissora gaudéria ficaram com isso na cabeça, e infelizmente não souberam o verdadeiro motivo das vaias ao Jorginho.

Aliás, foi em virtude deste episódio das vaias ao Jorginho que o presidente do Figueirense, na rodada seguinte, contra o Santos, disse que os torcedores que futuramente vaiassem o Jorginho seriam identificados pelas câmeras de monitoramento do Scarpelli e posteriormente punidos. Como a declaração repercutiu em todas as mídias sociais, o presidente tentou distorcer o que ele mesmo havia dito, como de costume. Mas isso não vem ao caso agora.

E o que tudo isso tem a ver em relação a minha mudança de opinião sobre à contratação do Branco?

Desde sua apresentação, sempre que é procurado pela imprensa, Branco deixa bem claro que o Figueirense é um clube grande, que tem uma torcida exigente e que precisa formar um time forte para esta temporada. No mínimo, um elenco com a mesma qualidade do ano passado. Os jogadores que chegarem têm que ter noção da grandeza do Figueirense. Em nenhum momento vi, li ou ouvi o Branco ter dito algo sobre o orçamento do clube, que é pequeno ou menor do que os orçamentos dos outros clubes grandes do futebol brasileiro.

Quem gostava de relacionar o orçamento do clube e a qualidade do elenco com os resultados da equipe era o Jorginho. Lembram? Na vitória era o esquema tático dele que vencia os jogos, enquanto que na derrota os grandes culpados eram o baixo orçamento do clube e a falta de peças de reposição. No meu ponto de vista o seu objetivo era enaltecer o seu próprio trabalho e ponto final. Ao final da temporada, depois do assédio de todos os times do Brasil, o treinador acabou indo para um time do Japão.

Os argumentos do Branco demonstram ser convincentes, muito diferentes do treinador anterior. E, no meu ponto de vista, o principal: Branco parece ser um cara humilde e gente boa, tanto é que eu não sinto por parte dos alvinegros nem metade do ar de reprovação que existia entre os torcedores após a chegada do Pequeno Jorge.

Enfim, estava com o pé atrás, mas estou começando a ficar convencido de que o Branco, mesmo sendo uma aposta, vai dar certo no Figueirense.

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